sexta-feira, 2 de julho de 2010

Conto Fantástico: Síndrome de Elefante

     Simon acordou e viu que estava daquele jeito. Suspirou. Pela terceira vez naquela semana. Teria que ligar pro medico, não havia outro jeito. Suspirou novamente e escorregou para fora da cama. Foi até o banheiro e pegou para fora da cama. Não pôde deslocar-se de outro jeito que não de quatro. Foi até o banheiro e pegou uma escova de dentes, mas viu que seus dentes, naquele estado, estavam inescováveis. Simon tentou então se barbear, mas suas mãos não se adaptavam ao fino cabo do barbeador. Além do mais, não havia um pelo fora do comum na sua cara.
     Discou o número do médico com dificuldade e falou, ou grunhiu, na medida do possível dadas as circunstâncias, e conseguiu marcar um horário para dali a duas horas,. Tentou comer qualquer coisa, mas sabia que nenhuma comida que tinha em sua despensa o satisfaria. Aliás, do jeito que estava sua boca, ele nem seria capaz de sentir a comida na boca. Resolveu matar as duas horas que o separavam de sua consulta. A primeira hora foi fácil, a segunda tentou resistir envenenando-o com uma cadeira, mas no fim ele conseguiu, e jogou as duas no lixo. Saiu resmungando algo na linha de "a segunda hora é sempre a mais difícil...".
     Na rua, passou do lado de uma pilha de excrementos, mas sentiu o cheiro de um modo que ele não sabia se era mais forte ou mais fraco. Seu nariz estava muito estranho. Chegou a casa do medico e abriu a porta, entrando numa sala com um ou dois elefantes sentados nas poltronas, lendo revistas de dois anos atrás. Sewntou-se e começou a tentar folhear uma revista. De repente começou a ouvir algo. Como se fossem duas palavras, repetidas. Quando a fonte, no caso a secretária, chegou perto das suas orelhas para falar, ele descobriu que as palavras eram "Senhor Simon", porquê a secretária estava lhe chamando para entrar. Suas orelhas estavam definitivamente erradas. Entrou no consultório, deitou-se no largo divã e começou:
     -Doutor, ás vezes eu acho que sou um humano.

Um comentário:

Luan Oliveira disse...

Gente, escrevi esse conto na aula de português sobre Realismo Fantástico, onde qualquer coisa absurda e surreal que aconteça com os personagens é tratada como uma coisa cotidiana. Mandando a modéstia pra Rússia, achei meu conto muito bom, e resolvi colocar aqui pro mundo. Como eu sou humilde, hein? Pois é.